quinta-feira, 10 de setembro de 2009

A ESTRUTURA JURÍDICA DO REINO DE DEUS

09 Setembro 2009
A ESTRUTURA JURÍDICA DO REINO DE DEUS - LIÇÃO 11

LIÇÃO 11 – 13 DE SETEMBRO DE 2009
“A ESTRUTURA JURÍDICA DO REINO DE DEUS”

TEXTO ÁUREO
“Mas, buscai primeiro o reino de Deus, e a sua justiça, e todas estas coisas vos serão acrescentadas”. Mt 6.33.

VERDADE APLICADA
Deus providenciou o meio eficaz pelo qual o homem pudesse nascer de novo, com uma nova vontade, capaz de buscar primeiro o Reino de Deus e a sua justiça.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
1) Mostrar que as leis e princípios jurídicos do Reino de Deus são todos aplicáveis à Igreja;

2) Ensinar que o Reino dos céus é estruturado sobre leis justas originadas no caráter de Deus;

3) Esclarecer que a era da graça ou era da Igreja não é um período de ausência de lei, de moral e de ética no Reino de Deus.

GLOSSÁRIO
Arauto: Nas monarquias da Idade Média, oficial que fazia as proclamações solenes, conferia títulos de nobreza, transmitia mensagens, anunciava a guerra e proclamava a paz;
Coação: Estado de quem se vê coagido;
Símplice: Elevar pela doce beleza setentrional e modo simples de outrem.






INTRODUÇÃO
Tanto no Antigo como no Novo Testamento aparece a estrutura jurídica do Reino de Deus bem como as regras para se entrar e viver nele.

Jesus, antes de sua morte, anunciou o Evangelho do Reino (Lc 8.1), ensinou sobre a importância de se viver no Reino (Mt 13.44) e, ressurreto, instruiu os discípulos acerca do Reino (At 1:3). Os apóstolos proveram a Igreja de valiosos ensinamentos sobre o Reino. É o que estudaremos nesta lição.

O “Reino de Deus”, equivalente a “Reino dos Céus” e ao “Trono de Deus”, aparece nos Evangelhos 91 vezes. Em Atos dos Apóstolos 9 vezes. Nas epístolas, 26 vezes. Em Apocalipse, 33 vezes. Totalizando 159 referências ao Reino de Deus.

Deste total, 39 (mais de 40%) estão relacionadas a questões jurídicas como princípios, normas, tribunais, advertências, julgamentos, condenações, exaltações e manifestações da reta justiça de Deus. Por estes números concluímos que vale a pena estudar os aspectos jurídicos do Reino de Deus.
1. O REINO DE DEUS NO ANTIGO TESTAMENTO
No Antigo Testamento não aparece a expressão “Reino de Deus”. Mas as características do Rei e do reino, o reconhecimento de que Jeová é o Senhor sobre toda a Terra e profecias de que “naquele dia” todas as nações reconhecerão o domínio e soberania de Deus que aparecem em inúmeras passagens como (Sl 45.6; 1Cr 16.31; Is 32.1-5; Zc 2.11). Os Escritos Antigos falam da realeza de Deus e do seu Reino:

Como realidade política e espiritual para Israel
Por sua soberania, Deus escolheu Israel, entre todas as nações para, a partir dele, estabelecer a sede de seu governo na Terra (Ex 19.5,6).

Desde então Israel passou a ser a expressão terrena do reino de Deus (1Cr 29.11). Por causa da desobediência, Deus interrompeu seu reino sobre Israel (Lm 5.16; Ez 16.59), mas prometeu restabelecê-lo por um descente de Davi que reinará em verdade e retidão (Ez 16.60; Is 9.6-7; Dn 2.44; 7:14).

Como realidade espiritual desconhecida das nações gentílicas
A maioria das nações e reinos, do tempo do Antigo Testamento, não conheciam a Deus como conhecemos hoje, mas eram, mesmo assim, instrumentos da Sua vontade (Is 45.13).

Deus julga povos e nações ímpias que se opõem a Sua reta vontade e ao estabelecimento do seu Reino (Sl 96.13; Mq 4.3; Is 45.23).

Como um direito de Deus sobre o mundo
O Reino de Deus se estende sobre toda a criação, animada e inanimada, racional e irracional, humana e angelical.

No Antigo Testamento o Reino de Deus é visto como um direito do Criador sobre a criatura (Is 45.9). O Senhor criou todas as coisas e governa sobre elas com justiça e retidão (Is 45. 7,8).

Como Criador e Sustentador do mundo sua soberania abrange todas as coisas (Sl 33.4-11). Neste sentido, todos os homens, mesmo os ímpios, são servos do Reino (Jr 25.9; 27.6) e estão a serviço dele (Is 44.28; 45.4).

2. O REINO DE DEUS NOS EVANGELHOS
O Reino de Deus é uma condição, tempo, lugar, pessoa, estado, situação ideal em que tudo e todos se sujeitam ao Senhor e a Sua vontade e na qual Sua autoridade prevalece.

Ainda aguardamos sua plena manifestação. Jesus aponta para vários aspectos importantes em Sua abordagem a respeito do Reino. Destacaremos, entretanto, somente os que se relacionam ao tema deste trimestre:

Os princípios fundamentais do Reino
Ao ensinar os discípulos a orar: “Santificado seja o Teu nome. Venha o Teu Reino. Seja feita a Tua vontade, assim na Terra como no céu”, Jesus deixa claro que os princípios fundamentais do Reino são santidade, justiça e autoridade.
Estes são princípios incompatíveis com a vontade humana contaminada pelo pecado. Por isto, para que o Reino possa ser estabelecido em toda a sua plenitude, sem ferir esses princípios, o próprio Deus providenciou um meio pelo qual o homem pudesse nascer de novo, com uma nova vontade, capaz de desejar ardente e voluntariamente que “venha o Teu Reino”.

O ingresso no reino
Os arautos do Rei convidam a todos os homens, indiscriminadamente, para que entrem no reino. Ninguém ingressa ou permanece no Reino pela força ou coação (Mt 22. 2-10).

Mas existem condições e características indispensáveis para ver (Jo 3.3), entrar (Lc 18.17; Jo 3.3) e permanecer no Reino do Grande Rei (Mt 22.11-13).

Os empecilhos à entrada ou permanência no Reino
Qualquer coisa que seja contrária à santidade, justiça e a autoridade do Rei constitui obstáculos à entrada no Reino:

“Mandará o Filho do homem os seus anjos, e eles colherão do seu reino tudo o que causa escândalo, e os que cometem iniqüidade...”,

“nem os sodomitas, nem os ladrões, nem os avarentos, nem os bêbados, nem os maldizentes, nem os roubadores herdarão o reino de Deus...”

“se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no Reino dos Céus...”

“qualquer que não receber o Reino de Deus como menino, não entrará nele” (Mt 13.41, 1Co 6.10; Mt 5.20; Lc 18.17).

3. A SUPERIORIDADE DAS LEIS DO REINO DE DEUS
Muitos teólogos, escritores, pastores e pregadores evitam a expressão ‘Leis do Reino’ por receio de serem considerados legalistas.

Porém, toda a criação de Deus possui leis especificas que a organiza, rege e ordena. Por que seria diferente no Reino em que o Criador é o Soberano? Seu reino possui leis em tudo superiores as leis humanas e as naturais.

As Leis do Reino de Deus são superiores quanto à origem
As leis e os princípios que regem o Reino de Deus são superiores porque vêm do próprio Deus.

“Porque Ele é a Rocha, cuja obra é perfeita, logo, todos os seus caminhos justos são; porque Deus é a verdade, não há nele injustiça; justo e reto é” (Dt 32.4).

A justiça do Reino de Deus é uma justiça eterna, e a sua lei é a verdade (Sl 119.142). Do Senhor sairá à lei, e o juízo que fará repousar para a luz dos povos (Is 51.4).



As leis do Reino de Deus são superiores quanto à extensão
Ainda que os governos e reinos humanos editem algumas leis para proteger a natureza, não existe no universo jurídico terreno nenhuma lei capaz, por exemplo, de conter as ondas do mar, mudar os tempos das erupções vulcânicas, ordenarem as estações do ano, etc. Mas as leis do Reino de Deus se estendem a toda a criação. Nada e ninguém podem escapar à legislação do Rei dos reis (Jr 5.22; Jó 38.33; Sl 74.17; Sl 103.19-22; At 17.26).

As leis do Reino de Deus são superiores quanto à eficácia
As leis do Reino de Deus agem com eficiência no interior das pessoas levando-as a produzirem os comportamentos e obras desejadas pelo Supremo Legislador (Ez 36.26,27; Hb 10.16; Gl 5.22), porque “a Lei do Senhor é perfeita, e refrigera a alma; o testemunho do Senhor é fiel, e dá sabedoria aos símplices” (Sl 19.7).

As leis dos reinos e governos terrenos, por melhores que sejam, somente regulam, reprimem, punem ou recompensam as ações humanas, mas são incapazes de agir sobre a natureza e o caráter, produtores de comportamentos e ações indesejáveis ou incompatíveis com a justiça e a paz, e modificá-los.

4. A LEI DO REINO É A NOVA ALIANÇA
A Antiga Aliança consistia em observar e cumprir um conjunto de regras e mandamentos externos à natureza humana; a Nova Aliança, a qual Paulo chama de “Lei do Espírito de Vida” consiste em nascer de novo com uma nova natureza e um novo coração no qual a Lei de Deus foi escrita. A Nova Aliança liberta da condenação, é radical, é ousada e não admite meio termo e timidez:

A Nova Aliança liberta da condenação
As leis terrenas descriminalizam práticas criminosas que se tornam habituais na sociedade.

A Lei do Reino não prevê a possibilidade de santificar práticas pecaminosas continuadas e generalizadas.

Ela estabelece e possibilita a santificação das pessoas, através de Cristo e a sua oferta de um novo coração. E determina: “nenhuma condenação há para os que estão em Cristo Jesus, que não andam segundo a carne, mas segundo o Espírito”.

A Nova Aliança do Reino é radical
Não podemos confundir a era da graça ou era da Igreja com um período de ausência de lei, de moral e de ética no Reino.

Ao contrário, a Nova Aliança foi selada de forma radical com o sangue de Jesus (Lc 22.20). Ela contempla todas as dimensões e aspectos da vida humana (Lc 10.27).

É radical e não admite meio termo: “se a vossa justiça não exceder a dos escribas e fariseus, de modo nenhum entrareis no reino dos céus. Qualquer que não receber o reino de Deus como menino, não entrará nele (Mt 5.20; Lc 18.17)”.



A Nova Aliança do Reino é ousada
Os filhos de Deus muitas vezes são descritos como pessoas sem perspectivas de uma vida feliz e próspera neste mundo, que tem medo de ousar, de correr riscos, de se libertar de preconceitos e, que por estes motivos, projetam toda a sua esperança num ‘utópico Reino de Deus’.

Mas não é assim. Eles têm outras opções e projetos de vida, muitos até empolgantes e lucrativos, mas com toda a ousadia e coragem trocaram tudo pelo Reino de Deus (Mt 13.44-46).

Eles não são preconceituosos e tímidos. Mas não confundem rejeição ao pecado com preconceito. Eles têm coragem de abraçar a Nova Aliança (AP 21.8) e abrir mão do prazer do pecado pelo gozo do Reino (Cl 3.4,5; Hb 12.1; 1Pe 1.4; 22.15).

CONCLUSÃO
A perfeição e solidez da estrutura jurídica do Reino de Deus que aparecem em toda a criação, que é exaltada em toda a Bíblia, que é ordenada à Igreja e refletida, ainda que toscamente nas estruturas jurídicas temporais, manifestam a santidade, a bondade, a retidão de Deus e a perfeição e grandeza da Sua Justiça (Sl 33.5; 36.6; 84.14).

sexta-feira, 28 de agosto de 2009

ADKM50 - A IGREJA DA FAMÍLIA FELIZ

VOCÊ SABIA??

A Bíblia se divide em duas partes: Antigo Testamento e Novo Testamento. Tem 66 livros, sendo 39 no Antigo Testamento e 27 no Novo Testamento.

• O Salmo 119 tem, em hebraico, 22 seções de oito versículos. Cada uma das seções inicia com uma letra do alfabeto hebraico, de 22 letras. Dentro das seções, cada versículo inicia com a letra da seção.

• Que "o caminho de um sábado" era o caminho permitido no dia de sábado; a distância que ia da extremidade do arraial das tribos ao tabernáculo, quando no deserto, isto é, cerca de 1.200 metros.

• O capítulo 19 de II Reis é igual ao 37 de Isaías.

• No livro Lamentação de Jeremias, os capítulos 1, 2 e 4 têm versículos em número de 22 cada, compreendendo as letras do alfabeto hebraico. O capítulo 3 tem 66 versículos, levando cada três deles, em hebraico, a mesma letra do alfabeto.

• A menor Bíblia existente foi impressa na Inglaterra e pesa somente 20 gramas. Este fabuloso exemplar da Bíblia mede 4,5 cm de comprimento, 3 cm de largura e 2 cm de espessura. Apesar de ser tão pequenina, contém 878 páginas, possui uma séria de gravuras ilustrativas e pode ser lida com o auxílio de uma lente.

• A maior Bíblia que se conhece, contém 8.048 páginas, pesa 547 quilos e tem 2,5 metros de espessura. Foi confeccionada por um marceneiro de Los Angeles, durante dois anos de trabalho ininterrupto. Cada página é uma delgada tábua de 1 metro de altura, em cuja superfície estão gravados os textos.

• Vamos Ler a Bíblia ? A Bíblia contém 31.000 versículos e 1.189 capítulos. Para sua leitura completa, são necessárias 49 horas, a saber, 38 horas para a leitura do Velho Testamento e 11 horas para a do Novo Testamento. Para lê-la audivelmente, em velocidade normal de fala, são necessárias cerca de 71 horas. Se você deseja lê-la em 1 ano, deve ler apenas 4 capítulos por dia.

das 2.000 líguas e dialetos falados no mundo, cerca de 1.200 já possuem a Bíblia ou textos bíblicos traduzidos?

• O nome "Bíblia" vem do grego "Biblos", nome da casca de um papiro do século XI a.C.. Os primeiros a usar a palavra "Bíblia" para designar as Escrituras Sagradas foram os discípulos do Cristo, no século II d.C.;

• Ao comparar as diferentes cópias do texto da Bíblia entre si e com os originais disponíveis, menos de 1% do texto apresentou dúvidas ou variações, portanto, 99% do texto da Bíblia é puro. Vale lembrar que o mesmo método (crítica textual) é usado para avaliar outros documentos históricos, como a Ilíada de Homero, por exemplo;

• É o livro mais vendido do mundo. Estima-se que foram vendidos 11 milhões de exemplares na versão integral, 12 milhões de Novos Testamentos e ainda 400 milhões de brochuras com extratos dos textos originais;

• Foi a primeira obra impressa por Gutenberg, em seu recém inventado prelo manual, que dispensava as cópias manuscritas;

• A divisão em capítulos foi introduzida pelo professor universitário parisiense Stephen Langton, em 1227, que viria a ser eleito bispo de Cantuária pouco tempo depois. A divisão em versículos foi introduzida em 1551, pelo impressor parisiense Robert Stephanus. Ambas as divisões tinham por objetivo facilitar a consulta e as citações bíblicas, e foi aceita por todos, incluindo os judeus;

quinta-feira, 13 de agosto de 2009

“AS CONSEQÜÊNCIAS JURÍDICAS DO PECADO”

LIÇÃO 7 – 16 DE AGOSTO DE 2009


TEXTO ÁUREO
“Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo” Rm 7.21

VERDADE APLICADA
O caminho da iniqüidade, escolhido pela humanidade quebrou o vínculo que a unia ao Criador, maculou todos os relacionamentos e submeteu os homens à lei do pecado e da morte.

OBJETIVOS DA LIÇÃO
1) Mostrar que o pecado que desintegrou o homem e contaminou todos os seus relacionamentos é a causa de incontáveis leis;

2) Insistir que, desde a queda, o pensamento jurídico e a idéia de direito e justiça dos homens apresentam muitas distorções e contaminações;

3) Fazer ver que somente a obra de Cristo, efetuada no coração dos homens, é capaz de afastar a iniqüidade das legislações humanas.



INTRUDUÇÃO
Os primeiros capítulos do Gênesis descrevem as relações do homem com Deus, com a natureza, com o outro e a norma geral que regeria estas convivências.

Esta lição resumirá as relações supracitadas e as mudanças ocorridas nelas depois da introdução do pecado no mundo, fato que deu origem a uma infinidade de leis em constantes mutações.

1. DA CRIAÇÃO À QUEDA
A Terra era um lugar onde havia perfeita comunhão com o semelhante e com Deus: Sem a intromissão do diabo, sem a consciência pesada, sem os desentendimentos entre as pessoas, sem a violência, sem as enfermidades, sem o envelhecimento, sem as contas a pagar no fim do mês e sem as inumeráveis outras mazelas a que nós estamos sujeitos, os homens desfrutavam de verdadeira paz e harmonia no Jardim.

Eles conversavam, se divertiam e gozavam da presença poderosa e benéfica do Criador que enchia a atmosfera com sua voz firme, porém suave (Gn 3.8a). No Éden o homem era senhor e a natureza (principalmente a sua própria) era-lhe subserviente.

Os homens tinham domínio sobre outras formas de vida; domínio sobre os principais elementos da natureza: a água, o fogo, o solo e seus componentes, o ar, domínio e controle de matéria-tempo-espaço; e, domínio próprio.
Nada sabemos da organização social antes da primeira transgressão, somente que já havia a organização familiar, e esta não foi invenção humana, mas instituição divina (Gn 2.22). Nela, a comunhão, a intimidade e a satisfação eram perfeitas.

Marido e mulher nada tinham que esconder um do outro, pois nada havia neles de feio ou escandaloso (Gn 2.25). Podemos concluir daí que os descendentes do casal nascidos no Éden gozavam das mesmas condições e que os relacionamentos humanos eram perfeitos.

PONTO DE REFLEXÃO
Devemos rejeitar qualquer ideia ou doutrina que relacione a primeira transgressão humana à cópula e a procriação ou que estas só tiveram início depois do pecado. A ordem para multiplicar e a bênção da multiplicação foram dadas antes do pecado (Gn 1.28).

O aumento da dor do parto e da capacidade reprodutiva da mulher são penalidades impostas à Eva (Gn 3.16). Como aumentar uma sensação (dor de parto) nunca antes experimentada e a geração de filhos (conceição) se o casal nunca antes copulara?

COMENTÁRIO ADICIONAL
É muito importante deixar claro que, do capítulo 3 do livro de Gênesis ao capítulo 21 do livro de Apocalipse, a Bíblia registra o conflito entre Deus e Satanás, o pecado e a justiça e insta os pecadores a se arrependerem e confiar em Deus.

Quando lemos o capítulo seis do livro de Isaias, nos deparamos com a visão da grandeza de Deus. “Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, e com duas cobriam os pés e com duas voavam”. (Is 6:2)

Notemos a postura dos serafins; a descrição tem algo a ensinar-nos. As duas asas cobrindo a face de cada serafim é um gesto que expressa reverente recolhimento na presença de Deus. Não devemos espreitar seus segredos.

Devemos nos contentar em viver com o que Ele nos revelou. A reverência exclui especulações sobre coisas que Deus não falou em sua Palavra. Quando alcançamos os limites exteriores do que a Bíblia diz, é hora de parar de discutir e começar a adorar. É isto que nos ensina as faces cobertas dos anjos.


2. DA QUEDA AO DILÚVIO
O período que se estendeu da saída do Jardim até o dia em que Noé entrou na arca foi marcado por extrema maldade, corrupção e violência, conseqüência do caminho escolhido pelo homem e que o conduziu para longe do Criador (Gn 6.5, 11,12).

Até à primeira transgressão o homem se via e se sentia diante de Deus como os bebês se vêem e se sentem diante de seus pais: Belos, amados, seguros, confiantes. Depois de transgredir, sua visão e seus sentimentos diante do Criador mudaram.


Perceberam-se indignos e sentiram, enganados, que não seriam mais amados e protegidos pelo Senhor (Gn 3.10). Perderam a confiança em Deus e acusaram-no de haver originado o pecado deles (Gn 3.12).

Porém, Deus, como de costume, veio ao encontro da espécie (Gn 3.9), mas ela, ao ouvir Sua voz no Jardim, foi dominada pelo pavor e pela vergonha (3.10).

Nem mesmo o avental de folhas de figueira, que fizeram para si, conseguia deixá-los menos nus na presença de Deus (3.7). Então, os homens temeram e se esconderam de seu amoroso Criador.

Deus apenas expulsou o transgressor do jardim, mas o homem, inconformado, abandonou a presença do Senhor e foi para longe dEle (4.16).

O pecado também afetou a relação do homem com a natureza, que se fez indócil e hostil (Gn 4.17-19) fustigando o homem com trabalhos pesados. Diante da incapacidade de dominá-la o homem passou a reverenciá-la e a adorá-la como sobrenatural e divina (Dt 4.19).

O dominador da terra se fez servo dela e das suas forças naturais e também se tornou escravo de suas próprias paixões e instintos (Lv 18.23; Rm 1.24).

O pecado abalou a estrutura que mantinha em estado de harmonia e perfeição os relacionamentos humanos: O homem passou a viver em conflito consigo mesmo (Rm 7.23).

Os cônjuges passaram a se sentir inadequados um para o outro (Gn 3.7); o marido passou a desejar a mulher com egoísmo e lascívia (Gn 3.16b); deixou de vê-la como carne da sua carne e passou a vê-la como responsável por sua desgraça (Gn 3.12). A rivalidade tomou conta dos irmãos (Gn 4.8).

Os desentendimentos, a desagregação da família, a insegurança e a insatisfação deram origem à poligamia (Gn 4.19), que é equiparada ao adultério e, é uma prática que entra em contradição “com a igual dignidade” do homem e da mulher e com a unicidade e exclusividade do amor conjugal.

Os irmãos se tornaram concorrentes (Gn 4.4,5; 25.24-33). Ciúmes e invejas passaram a fazer parte da vida familiar tornando o ambiente propício à agressividade e a violência (Gn 4.8), além de outros desvios que se manifestaram mais tarde (Rm 1.26,27).

COMENTÁRIO ADICIONAL
A na¬tureza é uma janela através da qual vemos Deus, mas Adão e Eva transformaram-na numa porta trancada para manter Deus do lado de fora! Um dia, o Salvador iria morrer sobre um madeiro para que os pecadores assustados pudessem ir até o Senhor e en¬contrar o perdão.

Para o homem e a mulher, a vida diária passaria a ser uma luta fora do jardim ao labutar pelo pão e criar sua família. Ainda poderiam ter comunhão com Deus, mas so¬freriam diariamente as conseqüências de seu pecado, e o mesmo aconteceria com seus descendentes.

A lei do pecado e da morte passaria a vigorar na família até o fim dos tempos, mas a morte e a ressurreição do Salvador introduziriam uma nova lei: "Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da mor¬te" (Rm 8:2).
3. DO DILÚVIO A CRISTO
O Dilúvio teve por finalidade frear a corrupção, a maldade e a violência humanas. Mas as gerações pós-diluvianas não se voltaram para Deus, antes, decidiram-se pela independência dEle. O período entre o dilúvio e o nascimento de Jesus foi marcado:

O “Projeto Babel” foi o primeiro no programa de emancipação (Gn 11.4). A Torre seria o ponto para onde convergiriam todas as gerações humanas e de onde emanariam as leis e as diretrizes que regeriam a sociedade emancipada de Deus.

Assim teriam um referencial físico e ideológico, forte o suficiente para manter a unidade, a sobrevivência, e a proteção da espécie contra as poderosas forças da natureza, sem, contudo, se submeterem ao Criador.

Quando estudarmos o conteúdo histórico da Bíblia e a História Geral e comparamos o volume de informações existentes sobre as culturas e civilizações pós-diluvianas e as pré-diluvianas, observamos que sobre estas (pós-diluvianas) há poucos registros, enquanto que sobre aquelas (pré-diluvianas), os registros são inumeráveis.

Isto se explica, em parte, pela longevidade dos pré-diluvianos (Gn 5.27), que facilitava a tradição oral e também contribuía para que as mudanças sociais e políticas ocorressem em ritmo lento.

A pretensão do “Projeto Babel” era colocar a humanidade a salvo da justiça divina, mas fracassou por causa dos conflitos humanos, que até ali eram mantidos sob controle, através de uma linguagem comum a todos (Gn 11.1).

Os embates inter-relacionais, porém, superaram a comunicação e deram origem ao surgimento das nações, à diversidade religiosa (politeísmo), cultural, racial e jurídica (Gn 10.5; 11.9).

Ao lermos com atenção os capítulos de Gênesis que antecedem o dilúvio e a construção da Torre, verificamos não existir ali nenhuma referência a deuses. A despeito de todas as forças contrárias o monoteísmo sobreviveu e o politeísmo só apareceu depois da babel. Porém, com a escolha de Abrão para ser o pai de uma nova naca, a fé monoteísta ganhou força e expressão (Gn 17.7).

As relações humanas foram, aos poucos, sendo regulamentadas pelo poder público e as normas que as condicionavam variavam de acordo com as crenças e costumes dos povos e com o arbítrio dos deuses e dos detentores do poder (Et 1.8-22; Dn 6.12).

Quando estudamos povos e nações do mundo antigo e de culturas fechadas à influência do Evangelho, facilmente encontramos leis tão absurdas que é difícil acreditar que elas de fato existiram e/ou existem ainda.

Paulo alerta para o fato de que a lei é espiritual porque o pecado, sua causa, é de natureza espiritual (Rm 7.14). Logo, as leis dos povos seguiam e ainda seguem o espírito do príncipe deste mundo.

Como Satanás mata, rouba e destrói (Jo 10.10) existem, desde a antiguidade, leis de liberdade e proteção que, na verdade, são leis de escravização, morte, empobrecimento e destruição do ser humano.

Elas são elaboradas para dar suporte à rebelião contra Deus e, ao mesmo tempo, são usadas por Satanás para se vingar do ser humano (Ap 12.12) por este haver sido o meio pelo qual Deus trouxe ao mundo aquele que o despojou do seu principado (Cl 2.15).

4. DE CRISTO AO SÉCULO XXI
O caminho da iniqüidade escolhido pela humanidade quebrou o vínculo que a unia ao Criador, maculou todos os seus relacionamentos e submeteu os homens à lei do pecado e da morte. O caminho do Calvário, escolhido por Jesus, para cumprir toda a Justiça Reconcilia os homens com Deus (Cl1.20-22); Converte os seres humanos uns aos outros (Ml 4.6) e Liberta o homem do império da lei do pecado.

Cristo triunfou sobre os principados e as potestades, que faziam da humanidade presa sua, e os despojou de sua pretensa divindade. Porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade, pôde abrir em si mesmo O Caminho para Deus e ser feito O Mediador exclusivo entre Deus e o homem (Jo 14.6; Tt 2.5). NEle, qualquer que queira tem liberdade de transitar, de comunicar, de comungar com Deus e de permanecer em Sua presença (Jo 10.9; Hb 4.14-16).

A obra de reconciliação efetuada por Cristo modificou o caráter daqueles que creram nEle, de tal modo, que todas as sociedades em que os verdadeiros cristãos estavam e estão inseridos sofreram e sofrem influência da mensagem cristã.

A autoridade de Cristo e o poder transformador do Evangelho são tão extraordinários, que a avaliação do curso total da raça humana tem Cristo como referencial. A história inteira da humanidade é dividida em dois períodos: Antes de Cristo, a.C. e, Ano Domini, A.D. Ano do Senhor dos homens e da História.

Uma questão de natureza jurídica espiritual maligna só poderia ser resolvida com outra, de natureza espiritual benigna. A providência perfeita contra a lei do pecado, que habita no homem e produz legislações contaminadas, foi dada por Deus, através da Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, que liberta o homem do pecado e da morte (Rm 8.2).

Todos os que vivem debaixo da Lei de Cristo, influem de forma benéfica nas leis das sociedades em que estão inseridos.

A obra de Jesus devolve, parcialmente, ao homem o domínio da natureza: Pela ciência, o homem é capaz de entender muitos fenômenos naturais e adquirir os meios de controlá-los e/ou dominá-los, quando necessário.

O cristianismo, pela doutrinação bíblica, forneceu ao Ocidente vários de seus pressupostos fundamentais sobre o mundo natural. Os primeiros capítulos do Gênesis foram fundamentais à pesquisa cientifica tanto por parte de cristãos como de inimigos de Cristo.

A Europa cristianizada se tornou o berço da ciência moderna, por causa da atitude dos cristãos para com a natureza: Diferentes dos gregos que viam a natureza como algo pecaminoso, vil e, portanto, indigna de ser estudada.

Diferentes dos povos orientais, que vêem cada ente da natureza como um deus e, portanto, o homem é indigno de estudá-la, os cristãos a vêem como criação do Bom Deus para uso humano e, portanto, tão digna e boa que deve ser estudada, entendida e controlada pela humanidade.

PALAVRA FINAL
O caminho da iniqüidade, escolhido pela humanidade, maculou todos os relacionamentos humanos, submeteu os homens à lei do pecado e da morte, perverteu a justiça e contaminou todas as leis terrenas. Jesus é a providência jurídica perfeita, que arranca o homem das garras do pecado. Livres, todos os que são de Cristo vivem debaixo da Lei do Espírito de Vida e influem de forma vital nas leis de suas comunidades.


Fontes: Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel
Revista Cidadania Cristã – Editora Betel - 3º Trimestre 2009 – Lição 07
Comentário Bíblico Expositivo – Warren W. Wiersbe – Antigo Testamento.
Vol. 01. Pentateuco. Pgs. 34, 37 e 40. Ed. Geográfica. 1º Ed.
O Plano de Deus para Você – J.I.Packer – Pg 44 - CPAD - 1º Ed. 2004

sexta-feira, 5 de junho de 2009

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

A arte da reanimação

Não permita que 2009 o encontre desanimado. Não comece o Ano Novo sem ânimo. Talvez você não saiba: o ânimo é uma de suas maiores riquezas. Sem ânimo, você não levanta o pé, não levanta a mão, não levanta a cabeça. Sem ânimo, você não se alegra. Sem ânimo, você não vive.

O ânimo tem muito a ver com Deus. É uma energia que se extrai da comunhão com Deus, que se armazena e que se gasta. Quando o gasto é maior, por causa de circunstâncias especiais, as reservas de ânimo se acabam e você fica numa situação delicadíssima. Daí a arte não da animação, mas da reanimação. A prática constante da reanimação é a arte de recuperar o ânimo enfraquecido ou perdido, por meio de um esforço especial na presença de Deus, logo depois de uma significativa quebra de disposição provocada por qualquer situação de ordem interna ou externa.

Seja realista. Há muitas coisas que agridem o seu ânimo, todos os dias. A começar com a canseira do corpo, com a repetição do mal, com a eterna mesmice das coisas, com as dificuldades no relacionamento doméstico, com o sufoco da falta de dinheiro, com a concorrência dos mais fortes, com o desprezo dos soberbos, com a dor das perdas, com as ameaças dos que detêm o poder, com a selvageria deste mundo cão, com a propaganda do absurdo, com a fragilidade da saúde e com a exposição sistemática daquilo que é hediondo. Você ainda está no deserto e não em Canaã. Você ainda é um cordeiro no meio de lobos. O pecado ainda habita em você e ao seu redor, e quer dominá-lo. Você ainda é parcialmente medroso, parcialmente tímido, parcialmente incapaz. Você ainda está dentro de um corpo que precisa de água, comida, sono e descanso. Daí a imperiosa necessidade da reanimação, vez após vez.

Em certa ocasião, um dos mais atraentes personagens da história sagrada passou por vários reveses. A cidade onde Davi e outros 600 homens e suas famílias viviam foi incendiada. As esposas e os filhos foram levados cativos por seus inimigos. Todos choraram até não mais poder. Alguns ficaram insatisfeitos com a liderança de Davi e chegaram a pensar em apedrejar o seu chefe. Foi no meio dessa trapalhada toda que “Davi se reanimou no Senhor” (1 Sm 30.6).

Para tomar qualquer providência, para agir com acerto e coragem, e até para começar a movimentar-se depois daquela tragédia, Davi precisou recobrar seu velho ânimo. Sem ânimo, ele não saberia o que fazer nem como fazer. O expediente deu certo. Uma vez reanimado, Davi perseguiu e derrotou os amalequitas e trouxe de volta o despojo, as mulheres e as crianças.

Algum tempo antes, frente aos problemas gerados pela insegurança de Saul, Jônatas havia fortalecido a confiança de Davi em Deus (1 Sm 23.16). A esta altura foi Davi mesmo quem procurou reanimar-se no Senhor.

Você já observou quantas vezes Jesus apela para a reanimação? Ao paralítico de Cafarnaum (Mt 9.2) e à mulher hemorrágica (Mt 9.22), Ele ordenou: “Tem bom ânimo”. Aos discípulos no mar da Galiléia (Mt 14.27) ou no cenáculo de Jerusalém (Jo 16.33), Jesus repetiu: “Tende bom ânimo”. E a Paulo, quando o apóstolo estava preso numa fortaleza em Jerusalém, “o Senhor, pondo-se ao lado dele, disse: Coragem!” (At 23.11).

Não abra mão do ânimo. Se ele estiver em baixa, trate de renová-lo. Se ele tiver acabado, busque-o outra vez. Não cometa suicídio emocional. Apegue-se à prática diária da reanimação.

O segredo da reanimação repousa na expressão “no Senhor”. Lembre que Davi se reanimou no Senhor e deu certo. Abra o Salmo 37 e veja lá estas expressões: “Confia no Senhor” (v. 3), “Descansa no Senhor” (v. 7) e “Espera no Senhor” (v. 34). São as mesmas palavras que Paulo usa na Epístola aos Filipenses: “Alegrai-vos sempre no Senhor” (v. 4).

Dirija suas súplicas de reanimação a Deus. Fale abertamente de sua necessidade de reanimação. Peça sem timidez alguma: “Anima-me!”, “Fortalece-me!”, “Livra-me do desânimo”, “Dá-me outra vez o ânimo de outrora” ou “Pastoreia-me!”. Pratique o derrame de queixas e preocupações na presença de Deus. Esse desabafo espiritual esvazia sua alma de temores e abre espaço para o ânimo. Você fica cheio não de medos, mas de ânimo.

Então você dirá sem vaidade alguma: “Tudo posso naquele que me fortalece” (Fp 4.13), durante todo o Ano Novo. Deus o abençoe!

(Revista Ultimato,