LIÇÃO 7 – 16 DE AGOSTO DE 2009
TEXTO ÁUREO
“Acho então esta lei em mim, que, quando quero fazer o bem, o mal está comigo” Rm 7.21
VERDADE APLICADA
O caminho da iniqüidade, escolhido pela humanidade quebrou o vínculo que a unia ao Criador, maculou todos os relacionamentos e submeteu os homens à lei do pecado e da morte.
OBJETIVOS DA LIÇÃO
1) Mostrar que o pecado que desintegrou o homem e contaminou todos os seus relacionamentos é a causa de incontáveis leis;
2) Insistir que, desde a queda, o pensamento jurídico e a idéia de direito e justiça dos homens apresentam muitas distorções e contaminações;
3) Fazer ver que somente a obra de Cristo, efetuada no coração dos homens, é capaz de afastar a iniqüidade das legislações humanas.
INTRUDUÇÃO
Os primeiros capítulos do Gênesis descrevem as relações do homem com Deus, com a natureza, com o outro e a norma geral que regeria estas convivências.
Esta lição resumirá as relações supracitadas e as mudanças ocorridas nelas depois da introdução do pecado no mundo, fato que deu origem a uma infinidade de leis em constantes mutações.
1. DA CRIAÇÃO À QUEDA
A Terra era um lugar onde havia perfeita comunhão com o semelhante e com Deus: Sem a intromissão do diabo, sem a consciência pesada, sem os desentendimentos entre as pessoas, sem a violência, sem as enfermidades, sem o envelhecimento, sem as contas a pagar no fim do mês e sem as inumeráveis outras mazelas a que nós estamos sujeitos, os homens desfrutavam de verdadeira paz e harmonia no Jardim.
Eles conversavam, se divertiam e gozavam da presença poderosa e benéfica do Criador que enchia a atmosfera com sua voz firme, porém suave (Gn 3.8a). No Éden o homem era senhor e a natureza (principalmente a sua própria) era-lhe subserviente.
Os homens tinham domínio sobre outras formas de vida; domínio sobre os principais elementos da natureza: a água, o fogo, o solo e seus componentes, o ar, domínio e controle de matéria-tempo-espaço; e, domínio próprio.
Nada sabemos da organização social antes da primeira transgressão, somente que já havia a organização familiar, e esta não foi invenção humana, mas instituição divina (Gn 2.22). Nela, a comunhão, a intimidade e a satisfação eram perfeitas.
Marido e mulher nada tinham que esconder um do outro, pois nada havia neles de feio ou escandaloso (Gn 2.25). Podemos concluir daí que os descendentes do casal nascidos no Éden gozavam das mesmas condições e que os relacionamentos humanos eram perfeitos.
PONTO DE REFLEXÃO
Devemos rejeitar qualquer ideia ou doutrina que relacione a primeira transgressão humana à cópula e a procriação ou que estas só tiveram início depois do pecado. A ordem para multiplicar e a bênção da multiplicação foram dadas antes do pecado (Gn 1.28).
O aumento da dor do parto e da capacidade reprodutiva da mulher são penalidades impostas à Eva (Gn 3.16). Como aumentar uma sensação (dor de parto) nunca antes experimentada e a geração de filhos (conceição) se o casal nunca antes copulara?
COMENTÁRIO ADICIONAL
É muito importante deixar claro que, do capítulo 3 do livro de Gênesis ao capítulo 21 do livro de Apocalipse, a Bíblia registra o conflito entre Deus e Satanás, o pecado e a justiça e insta os pecadores a se arrependerem e confiar em Deus.
Quando lemos o capítulo seis do livro de Isaias, nos deparamos com a visão da grandeza de Deus. “Os serafins estavam acima dele; cada um tinha seis asas: com duas cobriam o rosto, e com duas cobriam os pés e com duas voavam”. (Is 6:2)
Notemos a postura dos serafins; a descrição tem algo a ensinar-nos. As duas asas cobrindo a face de cada serafim é um gesto que expressa reverente recolhimento na presença de Deus. Não devemos espreitar seus segredos.
Devemos nos contentar em viver com o que Ele nos revelou. A reverência exclui especulações sobre coisas que Deus não falou em sua Palavra. Quando alcançamos os limites exteriores do que a Bíblia diz, é hora de parar de discutir e começar a adorar. É isto que nos ensina as faces cobertas dos anjos.
2. DA QUEDA AO DILÚVIO
O período que se estendeu da saída do Jardim até o dia em que Noé entrou na arca foi marcado por extrema maldade, corrupção e violência, conseqüência do caminho escolhido pelo homem e que o conduziu para longe do Criador (Gn 6.5, 11,12).
Até à primeira transgressão o homem se via e se sentia diante de Deus como os bebês se vêem e se sentem diante de seus pais: Belos, amados, seguros, confiantes. Depois de transgredir, sua visão e seus sentimentos diante do Criador mudaram.
Perceberam-se indignos e sentiram, enganados, que não seriam mais amados e protegidos pelo Senhor (Gn 3.10). Perderam a confiança em Deus e acusaram-no de haver originado o pecado deles (Gn 3.12).
Porém, Deus, como de costume, veio ao encontro da espécie (Gn 3.9), mas ela, ao ouvir Sua voz no Jardim, foi dominada pelo pavor e pela vergonha (3.10).
Nem mesmo o avental de folhas de figueira, que fizeram para si, conseguia deixá-los menos nus na presença de Deus (3.7). Então, os homens temeram e se esconderam de seu amoroso Criador.
Deus apenas expulsou o transgressor do jardim, mas o homem, inconformado, abandonou a presença do Senhor e foi para longe dEle (4.16).
O pecado também afetou a relação do homem com a natureza, que se fez indócil e hostil (Gn 4.17-19) fustigando o homem com trabalhos pesados. Diante da incapacidade de dominá-la o homem passou a reverenciá-la e a adorá-la como sobrenatural e divina (Dt 4.19).
O dominador da terra se fez servo dela e das suas forças naturais e também se tornou escravo de suas próprias paixões e instintos (Lv 18.23; Rm 1.24).
O pecado abalou a estrutura que mantinha em estado de harmonia e perfeição os relacionamentos humanos: O homem passou a viver em conflito consigo mesmo (Rm 7.23).
Os cônjuges passaram a se sentir inadequados um para o outro (Gn 3.7); o marido passou a desejar a mulher com egoísmo e lascívia (Gn 3.16b); deixou de vê-la como carne da sua carne e passou a vê-la como responsável por sua desgraça (Gn 3.12). A rivalidade tomou conta dos irmãos (Gn 4.8).
Os desentendimentos, a desagregação da família, a insegurança e a insatisfação deram origem à poligamia (Gn 4.19), que é equiparada ao adultério e, é uma prática que entra em contradição “com a igual dignidade” do homem e da mulher e com a unicidade e exclusividade do amor conjugal.
Os irmãos se tornaram concorrentes (Gn 4.4,5; 25.24-33). Ciúmes e invejas passaram a fazer parte da vida familiar tornando o ambiente propício à agressividade e a violência (Gn 4.8), além de outros desvios que se manifestaram mais tarde (Rm 1.26,27).
COMENTÁRIO ADICIONAL
A na¬tureza é uma janela através da qual vemos Deus, mas Adão e Eva transformaram-na numa porta trancada para manter Deus do lado de fora! Um dia, o Salvador iria morrer sobre um madeiro para que os pecadores assustados pudessem ir até o Senhor e en¬contrar o perdão.
Para o homem e a mulher, a vida diária passaria a ser uma luta fora do jardim ao labutar pelo pão e criar sua família. Ainda poderiam ter comunhão com Deus, mas so¬freriam diariamente as conseqüências de seu pecado, e o mesmo aconteceria com seus descendentes.
A lei do pecado e da morte passaria a vigorar na família até o fim dos tempos, mas a morte e a ressurreição do Salvador introduziriam uma nova lei: "Porque a lei do Espírito da vida, em Cristo Jesus, te livrou da lei do pecado e da mor¬te" (Rm 8:2).
3. DO DILÚVIO A CRISTO
O Dilúvio teve por finalidade frear a corrupção, a maldade e a violência humanas. Mas as gerações pós-diluvianas não se voltaram para Deus, antes, decidiram-se pela independência dEle. O período entre o dilúvio e o nascimento de Jesus foi marcado:
O “Projeto Babel” foi o primeiro no programa de emancipação (Gn 11.4). A Torre seria o ponto para onde convergiriam todas as gerações humanas e de onde emanariam as leis e as diretrizes que regeriam a sociedade emancipada de Deus.
Assim teriam um referencial físico e ideológico, forte o suficiente para manter a unidade, a sobrevivência, e a proteção da espécie contra as poderosas forças da natureza, sem, contudo, se submeterem ao Criador.
Quando estudarmos o conteúdo histórico da Bíblia e a História Geral e comparamos o volume de informações existentes sobre as culturas e civilizações pós-diluvianas e as pré-diluvianas, observamos que sobre estas (pós-diluvianas) há poucos registros, enquanto que sobre aquelas (pré-diluvianas), os registros são inumeráveis.
Isto se explica, em parte, pela longevidade dos pré-diluvianos (Gn 5.27), que facilitava a tradição oral e também contribuía para que as mudanças sociais e políticas ocorressem em ritmo lento.
A pretensão do “Projeto Babel” era colocar a humanidade a salvo da justiça divina, mas fracassou por causa dos conflitos humanos, que até ali eram mantidos sob controle, através de uma linguagem comum a todos (Gn 11.1).
Os embates inter-relacionais, porém, superaram a comunicação e deram origem ao surgimento das nações, à diversidade religiosa (politeísmo), cultural, racial e jurídica (Gn 10.5; 11.9).
Ao lermos com atenção os capítulos de Gênesis que antecedem o dilúvio e a construção da Torre, verificamos não existir ali nenhuma referência a deuses. A despeito de todas as forças contrárias o monoteísmo sobreviveu e o politeísmo só apareceu depois da babel. Porém, com a escolha de Abrão para ser o pai de uma nova naca, a fé monoteísta ganhou força e expressão (Gn 17.7).
As relações humanas foram, aos poucos, sendo regulamentadas pelo poder público e as normas que as condicionavam variavam de acordo com as crenças e costumes dos povos e com o arbítrio dos deuses e dos detentores do poder (Et 1.8-22; Dn 6.12).
Quando estudamos povos e nações do mundo antigo e de culturas fechadas à influência do Evangelho, facilmente encontramos leis tão absurdas que é difícil acreditar que elas de fato existiram e/ou existem ainda.
Paulo alerta para o fato de que a lei é espiritual porque o pecado, sua causa, é de natureza espiritual (Rm 7.14). Logo, as leis dos povos seguiam e ainda seguem o espírito do príncipe deste mundo.
Como Satanás mata, rouba e destrói (Jo 10.10) existem, desde a antiguidade, leis de liberdade e proteção que, na verdade, são leis de escravização, morte, empobrecimento e destruição do ser humano.
Elas são elaboradas para dar suporte à rebelião contra Deus e, ao mesmo tempo, são usadas por Satanás para se vingar do ser humano (Ap 12.12) por este haver sido o meio pelo qual Deus trouxe ao mundo aquele que o despojou do seu principado (Cl 2.15).
4. DE CRISTO AO SÉCULO XXI
O caminho da iniqüidade escolhido pela humanidade quebrou o vínculo que a unia ao Criador, maculou todos os seus relacionamentos e submeteu os homens à lei do pecado e da morte. O caminho do Calvário, escolhido por Jesus, para cumprir toda a Justiça Reconcilia os homens com Deus (Cl1.20-22); Converte os seres humanos uns aos outros (Ml 4.6) e Liberta o homem do império da lei do pecado.
Cristo triunfou sobre os principados e as potestades, que faziam da humanidade presa sua, e os despojou de sua pretensa divindade. Porque nEle habita corporalmente toda a plenitude da divindade, pôde abrir em si mesmo O Caminho para Deus e ser feito O Mediador exclusivo entre Deus e o homem (Jo 14.6; Tt 2.5). NEle, qualquer que queira tem liberdade de transitar, de comunicar, de comungar com Deus e de permanecer em Sua presença (Jo 10.9; Hb 4.14-16).
A obra de reconciliação efetuada por Cristo modificou o caráter daqueles que creram nEle, de tal modo, que todas as sociedades em que os verdadeiros cristãos estavam e estão inseridos sofreram e sofrem influência da mensagem cristã.
A autoridade de Cristo e o poder transformador do Evangelho são tão extraordinários, que a avaliação do curso total da raça humana tem Cristo como referencial. A história inteira da humanidade é dividida em dois períodos: Antes de Cristo, a.C. e, Ano Domini, A.D. Ano do Senhor dos homens e da História.
Uma questão de natureza jurídica espiritual maligna só poderia ser resolvida com outra, de natureza espiritual benigna. A providência perfeita contra a lei do pecado, que habita no homem e produz legislações contaminadas, foi dada por Deus, através da Lei do Espírito de vida, em Cristo Jesus, que liberta o homem do pecado e da morte (Rm 8.2).
Todos os que vivem debaixo da Lei de Cristo, influem de forma benéfica nas leis das sociedades em que estão inseridos.
A obra de Jesus devolve, parcialmente, ao homem o domínio da natureza: Pela ciência, o homem é capaz de entender muitos fenômenos naturais e adquirir os meios de controlá-los e/ou dominá-los, quando necessário.
O cristianismo, pela doutrinação bíblica, forneceu ao Ocidente vários de seus pressupostos fundamentais sobre o mundo natural. Os primeiros capítulos do Gênesis foram fundamentais à pesquisa cientifica tanto por parte de cristãos como de inimigos de Cristo.
A Europa cristianizada se tornou o berço da ciência moderna, por causa da atitude dos cristãos para com a natureza: Diferentes dos gregos que viam a natureza como algo pecaminoso, vil e, portanto, indigna de ser estudada.
Diferentes dos povos orientais, que vêem cada ente da natureza como um deus e, portanto, o homem é indigno de estudá-la, os cristãos a vêem como criação do Bom Deus para uso humano e, portanto, tão digna e boa que deve ser estudada, entendida e controlada pela humanidade.
PALAVRA FINAL
O caminho da iniqüidade, escolhido pela humanidade, maculou todos os relacionamentos humanos, submeteu os homens à lei do pecado e da morte, perverteu a justiça e contaminou todas as leis terrenas. Jesus é a providência jurídica perfeita, que arranca o homem das garras do pecado. Livres, todos os que são de Cristo vivem debaixo da Lei do Espírito de Vida e influem de forma vital nas leis de suas comunidades.
Fontes: Bíblia Sagrada – Concordância, Dicionário e Harpa - Editora Betel
Revista Cidadania Cristã – Editora Betel - 3º Trimestre 2009 – Lição 07
Comentário Bíblico Expositivo – Warren W. Wiersbe – Antigo Testamento.
Vol. 01. Pentateuco. Pgs. 34, 37 e 40. Ed. Geográfica. 1º Ed.
O Plano de Deus para Você – J.I.Packer – Pg 44 - CPAD - 1º Ed. 2004